NEGLIGÊNCIA | Ele chegou lá gritando de dor, pedindo atendimento e ninguém atendeu. Foi ficando lá sentado. Até que ele morreu com o pescoço tombado". Foi dessa forma que o pai de José Augusto Mota Silva descreveu, ainda no velório, a morte do filho na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Cidade de Deus, no Rio de Janeiro.
"Ele não merecia morrer daquele jeito, sentado. Ninguém merece morrer que nem bicho, daquela forma. É desumano uma pessoa ficar sentada ali sem atendimento, sem acolhimento", declarou emocionada a irmã Meiriane Mota Silva.
José Augusto era artesão durante o dia e trabalhava como garçom à noite. É o quinto filho de José Adão e estava no Rio de Janeiro há 12 anos. Para trazer o corpo à cidade Natal, os parentes precisaram fazer uma vaquinha pela internet.
Pacientes relataram que José Augusto deu entrada na unidade se queixando de fortes dores e passou pela triagem, mas morreu sentado, sem ser atendido. Nas imagens é possível ver que uma pessoa se aproxima dele, que não reage. Em seguida, é colocado na maca.
Segundo a irmã, o paciente já havia passado por situações parecidas com dificuldade de conseguir atendimento. "Essas dores que ele tinha já vem de meses. Ele estava procurando médico, diz que vai lá e ninguém atende ele. Quando atende, dá dipirona e manda embora", contou.
O corpo do homem, que tinha 32 anos, foi enterrado neste domingo (15), em Mogi Guaçu (SP) - cidade em que ele nasceu e a família mora.
Fonte: G1