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Com: Sergio Seixas

Mel, vinho, quitandas: reconhecimento do queijo minas artesanal leva holofotes a vários produtos da região

11/12/2024 as 18:34
AGRO | Itatiaia visitou três regiões produtoras do Queijo Minas Artesanal, reconhecido pela Unesco como patrimônio imaterial da humanidade
O título é do queijo, mas o “time” todo sai ganhando. Os modos de fazer o queijo minas artesanal foram reconhecidos na última semana como patrimônio imaterial da humanidade pela Unesco. Com os holofotes no queijo, produtores rurais de outras delícias, que vivem nas mesmas regiões do alimento premiado, projetam maior visibilidade para seus negócios.

Doces, biscoitos, mel e até vinho: toda a cadeia pode se beneficiar com a vitória do queijo, afinal, os pequenos trabalhadores organizados crescem juntos.
Além da produção artesanal, em comum entre eles está a lida quase solitária - normalmente a cargo do casal dono da propriedade. A reportagem da Itatiaia visitou três das dez regiões produtoras do queijo minas artesanal e conversou com pequenos produtores que dominam os sabores de queijos, doces e bebidas. Os saberes se cruzam e projetam os negócios das famílias.
Vinho de Jabuticaba em Catas Altas
Caio César Ayres de Souza produz vinhos surpreendentes e delicados em Catas Altas, cidade que faz parte do Circuito do Ouro: são feitos com jabuticaba, seguindo a receita desenvolvida pelo avô em 1949. O rótulo leva o nome da avó, “Dona Gercina”.
“A nossa produção é em outubro e chega a quase seis mil garrafas por ano. Esse prêmio do queijo mineiro leva nosso vinho para o mundo, porque é perfeito para harmonização. Nada como um bom queijo e um bom vinho. E, ainda por cima, com o paladar agradável da jabuticaba”, anima-se o produtor, que tem uma dezena de pés da planta na propriedade.

Quitandas de Barão de Cocais
Na cidade vizinha de Barão de Cocais, também integrante do Circuito do Ouro, Jucineia Rocha é quem cuida das Quitandas da Ju. Orgulhosa de ter sido premiada em realities culinários com seu tradicional biscoito de polvilho feito com açafrão, Ju explica que a receita leva, sobretudo, carinho.

“Sou quitandeira com orgulho, filha de um produtor de queijo e uma quitandeira. É um referencial para mim, e tenho a honra de representar minha cidade com essa arte. Meu principal produto é o biscoito de polvilho com açafrão, e tenho também biscoito com ora-pro-nobis, pãozinho de batata doce e biscoito de amendoim. Amo muito o que faço”, define.
Mel de Santa Bárbara
Conhecida como Cidade do Mel, Santa Bárbara, com 30 mil habitantes, concentra 400 famílias de apicultores. Um deles é Ronaldo Antônio Alves de Oliveira Júnior, que trabalha com 19 espécies de abelhas e desenvolve experiências com floradas que imprimem uma diversidade de sabores. Ele oferece desde o creme de mel, ideal para acompanhar queijos, até o mel salgado, para saladas, passando por meis mais suaves ou encorpados, ao gosto do freguês.

“Hoje eu trabalho com 19 espécies de abelhas. Da apis, com ferrão, os melipolinários ficam no campo. E as outras 18 são nativas brasileiras, algumas na minha casa. É um universo. Temos os méis, própolis - que têm propriedades diferentes para abelhas com e sem ferrão -, a geleia real, pomadas, sabonetes, pão de mel, agora a gente tá arriscando teste com shampoo”, enumera.
Tudo isso sai das mãos apenas de Ronaldo e da esposa, que criaram a marca Flor de Mel, vendida na cidade e em feiras pelo estado desde 2017. O aprendizado veio das riquezas naturais do Parque Natural do Caraça. "É uma empresa de duas pessoas. Eu sempre gostei muito de natureza, conheço as serras e os picos do Caraça desde criança. Nesse caminho, conheci as abelhas em 2016 e foi um caminho sem volta. Comecei por hobby com uma caixa e hoje são 400 de abelhas sem ferrão e 140 da apis. E subindo”, anima-se.


Ele vê o reconhecimento do queijo como uma oportunidade para os pequenos produtores com saberes tradicionais. “A vitória é deles e nossas também, porque agrega uma boa combinação. Hoje estou aqui pelo queijo, né? É uma cadeia, vem junto o queijo, o mel, a cachaça, o vinho, é uma parceria dos produtores. Estamos sempre em sintonia”, reconhece.
Fonte: Itatiaia