Padrasto que espancou menina de 3 anos até a morte diz que 'bateu como se fosse um homem'

18/04/2024 as 10:29

AGRESSÃO | Em audiência de custódia, Carlos Henrique da Silva Junior, de 30 anos, mencionou que agressões duraram de 30 a 40 minutos.

A audiência de custódia de Carlos Henrique da Silva Junior, de 30 anos, suspeito da morte da enteada Lara Emanuelly Braga da Silva, de 3, realizada nesta terça-feira, em Benfica, na Zona Norte do Rio, que converteu a prisão em flagrante do padrasto da menina em preventiva, revela detalhes de como a criança foi espancada e morta, neste domingo, por não querer tomar banho. Segundo o processo, o suspeito agrediu Lara por um tempo que varia de 30 a 40 minutos. De acordo com o despacho do juiz que analisou o caso, Carlos também mencionou ao depor na Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) ter batido na criança como se estivesse batendo em um homem.

Segundo o relato do suspeito, as agressões aconteceram dentro do box do banheiro da casa onde a menina morava, em Vila Rosali, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. Ela teria agredido a criança com tapas e chutes que fizeram com que a vítima batesse a cabeça na parede do banheiro por várias vezes. Um dos chutes acertou o tórax da menina, outro o abdômen, um terceiro nas pernas e um quarto na região íntima. Os golpes causaram diversas lesões, segundo o processo.

No despacho que converte o flagrante em preventiva, o juiz menciona que a brutalidade do crime revela a personalidade violenta do suspeito. "Com relação ao estado de liberdade, salta aos olhos a extrema gravidade concreta do delito, na medida em que o custodiado, de forma extremamente cruel, brutal e violenta, agrediu a sua própria enteada, uma criança de 3 anos de idade, com tapas e chutes tão intensos que levaram a vítima à morte, ainda no local dos fatos, sem que a menor tivesse qualquer chance de ser socorrida com vida, circunstâncias que revelam a personalidade extremamente violenta do custodiado, razão pela qual é necessária a sua segregação cautelar, para garantia da ordem pública", escreveu o juiz num dos trechos da decisão.

Com a conversão do flagrante em prisão preventiva, Carlos Henrique da Silva Junior deverá ser transferido da Central de Custódias de Benfica para uma unidade do sistema penitenciário do Rio de Janeiro. A menina foi sepultada nesta terça-feira, no Cemitério de Irajá, na Zona Norte do Rio.

Sobre o caso

A menina Lara Emanuelly Braga, de 3 anos, que morreu com sinais de espancamento no domingo, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, foi agredida porque não queria tomar banho. A informação é investigada pela Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) que autuou em flagrante por homicídio qualificado (quando não há chance de defesa da vítima) Carlos Henrique da Silva Junior, de 30, padrasto da criança. Preso por policiais militares na residência onde o assassinato aconteceu, no Bairro Vila Rosali, o suspeito prestou depoimento na especializada e confessou a morte da enteada.

A mãe da criança, identificada como Thayssa Braga, não estava na casa na hora do crime. Ela havia levado um dos irmãos de Lara para ser atendido numa Unidade de Pronto Atendimento. Segundo o RJTV, outro irmão da menina, de apenas 5 anos, presenciou o assassinato. Ele teria contado ter visto o padrasto bater na menina por duas vezes. E que, em seguida, ela caiu e bateu a cabeça no chão, que passou a sangrar. Pouco depois, Carlos Henrique colocou o corpo de Lara na cama e disse para seu irmão que ela estava apenas dormindo. Pai biológico da criança, o carregador do Ceasa Maike Oliveira Ramos, de 28, que é separado de Thayssa, esteve nesta segunda-feira, no Instituto Médico-Legal de Duque de Caxias, para onde o corpo de Lara foi levado.  Como não chegou a registrar a menina em seu nome, ele precisou buscar auxílio de um parente materno da criança para tratar da liberação do cadáver para sepultamento. Por conta da dificuldade, o enterro só deve acontecer nesta terça-feira. Ele descreveu a filha como uma menina alegre que adorava brincar.

— Era uma garota muito inocente, não dava trabalho nenhum. Quando ela me via, só queria ficar agarrada comigo. Era papai para lá, papai para cá. Eu falava para ela que a amava também. Estive com a Lara na Páscoa. Agora, no domingo de Páscoa. Falei para ela que ia dar uma bonequinha. Mas aí aconteceu essa tragédia. Isto tudo está sendo muito difícil para mim — disse.

O carregador e Thayssa tiveram três filhos e se separaram pouco antes do nascimento de Lara. Ele contou que soube que a morte da filha teria ocorrido por suspeita de espancamento no IML de Duque de Caxias. Maike contou ter recebido um telefonema da mãe da menina com a notícia inicial de que Lara havia sofrido um engasgo.

— A mãe dela me ligou e disse que ela estava engasgada. Só soube da história do espancamento ao chegar no IML — disse.

O GLOBO não conseguiu contato com Thayssa, que ainda está abalada com a morte da filha. A DHBF vai investigar se a criança já havia sido espancada outras vezes pelo padrasto, já que vizinhos relataram o costume de ouvir choro de crianças na residência.

Há três anos, outro crime contra uma criança chocou o Rio. O menino Henry Borel, de 4 anos, morreu por suspeita de espancamento na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio. Na ocasião foram presos o ex-vereador e médico Jairo de Souza Santos Junior, o Jairinho, padrasto da criança, e a mãe de Henry, a professora Monique Medeiros, que namorava o médico. Ainda não há data prevista para realização do julgamento de Monique e de Jairinho. 

Fonte: Extra