Sintonia 98

Das 15:00:00 às 17:00:00
Com: Alan Souza

Aníbal Gonçalves | Coluna 22 de Maio de 2020

21/05/2020 as 20:33



Nós, os filhos e as mães...

Um conhecido meu contava-me no Pesque e Pague do Liliu, aqui em Teófilo Otoni, de uma conversazinha de homem pra homem que levou com seu filho adolescente. Cada um tentou ser o mais sincero possível um com o outro, para que o papo não descambasse para mera rasgação de seda. O amigo falou-me o quanto era doloridamente difícil dizer e ouvir certas verdades que precisavam, como todas verdades, serem ditas e ouvidas. Pais e filhos, é preciso não esquecer, têm uma visão idealizada do que pensam de si mesmos enquanto pais e filhos. Eu próprio já tive a felicidade de perceber a tempo essa doída libertação na hora em que meus filhos derrubaram-me do paternal pedestal. Sim, um pai precisa ser derrubado do pedestal para ser visto pelos filhos como gente. Hoje, certamente, meus filhos sabem mais de mim, esse pobre ser humano cheio de imperfeições, dúvidas, carências, fraquezas. Pude deixar de lado essa terrível obrigação de querer ser o senhor absoluto de todas as verdades e poderes. O certo é que pais e filhos nutrem mutuamente expectativas ideais em relação a uns e a outros, esquecendo as abissais diferenças entre o pai que eu sou e o pai que eles queriam que eu fosse. E também compreendi o mesmo entre os filhos que tenho e aqueles que idealizei ter. Percebi que, enquanto os pais permanecem posando em seus pedestais, comportam-se como se fossem pais ideais para os filhos ideais. Fogem da consciência dessa oceânica diferença existente entre os filhos reais e pais reais, pessoas de carne e osso, que se atraem e se repelem como qualquer estrela. Em um momento de tréplica, após degustar uma taça de vinho tinto Naturelle, da Famiglia Valduga, lá do Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves – que me foi sugerido pelo teofilotonense Carlos Henrique Barreto Machado – ex-presidente da Associação Brasileira de Winemakers [criadores de vinho, literalmente], obviamente acompanhada de um queijo Gorgonzola, eu disse a esse conhecido meu que a grande maioria dos filhos de hoje, mormente os filhos da minha geração, que vivem com os pais até se tornarem mais velhos, parecem esquecer que são os filhos dos que lutaram, e que de uma forma ou de outra, construíram um nome de certa importância na história desta Teófilo Otoni à custa de muito sacrifício pessoal, seja no campo financeiro, político ou outro... Ressalvadas aqui as condições de que nessas plagas existem muitos “filhos de sobrenomes” e como tal permanecem – e de outros que transcenderam os laços familiares e contribuíram/contribuem para o desenvolvimento desta Philadelfia. Os filhos de hoje – com honrosas exceções, têm sempre prontas na ponta da língua a nos cuspir na cara, na primeira discussão, as expressões trauma e pai ausente. Portanto, todos nós, diletos papais dessa mimada garotada, não passamos para eles de uma vasta confraria de “pais ausentes e neurotizantes”. Não importa para os nossos queridos filhinhos nada que possamos dizer em nossa legítima defesa. Eles não querem ouvir a nossa história, eles não querem escutar o que passamos para ser o que somos. Eles não querem ouvir. Eles não sabem ouvir, por isso é mais fácil para eles nos culpar pelo que são ou pelo que não puderam ser por suas próprias limitações ou até mesmo vagabundagem explícita. Essa molecada queria o quê de nós? Que passássemos as nossas vidas inteiras desistindo do nosso projeto pessoal para trocar as suas fraldas desde que nasceram até hoje, que permanecem crianças com medo de crescer. Hoje, os filhos nos culpam até por desfrutarmos de uma certa fama e notoriedade e o nosso nome, que eles herdaram de graça, significar algo nesta Philadelfia. Há pais que não merecem os filhos que têm. Há filhos mal agradecidos que não merecem os pais que têm. No final das contas, dá empate técnico, estamos todos quites. E aqui entre nós, que as mulheres não nos ouçam, particularmente sempre achei muito mais difícil ser-se pai que ser-se mãe.


CONTRAPONTO 

Meu pirão primeiro 01
 Um observador da seara sanitária em Teófilo Otoni indagou a este colunista sobre o fato do prefeito Daniel Sucupira (PT) ter optado por alocar no Hospital Bom Samaritano a “porta de entrada” para pacientes com Covid-19 - e ter preterido o Hospital Santa Rosália, que é referência em Média e Alta Complexidade. Este observador destacou que a Autorização de Internação Hospitalar (AIH) para pacientes com Covid-19 tem maior remuneração. Mas nem sempre cobre o custo. Então ficou no ar uma dúvida quanto a essa opção do prefeito.


Meu pirão primeiro 02 
A Assembleia Legislativa de Minas Gerais aprovou na quinta (14) o Projeto de Lei (PL) 1938/2020, de autoria do próprio Executivo, porém, foram feitas modificações, que prevê crime de responsabilidade caso o governador Romeu Zema atrase repasses para o Legislativo, o Judiciário, o Ministério Público e a Defensoria Pública. A medida ocorre em meio a uma grave crise financeira enfrentada pelo Estado. Por exemplo, os salários de uma parte dos servidores do Executivo, além de parcelados, vêm atrasados há meses e até esta quarta-feira (20) não foram pagos sequer os do mês de Abril.


O que foi dito 

“Não podemos ter servidores de primeira, segunda e terceira categoria no Estado, principalmente quando esses servidores são cantineiras que ganham um salário mínimo. E que recebem salário totalmente fora da data prevista e que têm seus compromissos a fazer, enquanto muitos que ganham dezenas ou até centenas de vezes mais continuam recebendo seus salários regularmente (...) se nós temos cinco pães e temos oito pessoas, nós podemos tomar a seguinte decisão: vamos atender só cinco e deixar três morrerem de fome. Ou podemos repartir os cinco pães e fazer com que todos sobrevivam sem estar se fartando.” 


  Romeu Zema, governador de Minas Gerais, nesta quarta-feira (20), após a Assembleia Legislativa aprovar um projeto que prevê crime de responsabilidade em caso de atraso ou parcelamento de duodécimos ao Legislativo estadual, Judiciário, Ministério Público e Defensoria Pública, mesmo durante a grave crise financeira enfrentada pelo Estado, além da situação de pandemia.



CONVIDADOS

Dra. Anamaria Pinheiro de Castro Pires, médica Neurologista integrante da equipe de Neurologia do Hospital Santa Rosália, durante entrevista ao vivo e remota ao Encontro Marcado (98 FM, 12-13h) nesta segunda (18), esclarecendo sobre Distúrbios do Sono: Sonambulismo e Paralisia do Sono.


Dr. Antônio Jorge de Lima Gomes, coordenador do grupo de pesquisas GEOVALES e professor da UFVJM/campus Mucuri, durante entrevista ao vivo e remota ao Encontro Marcado na segunda (11), informando sobre a nova revista lançada pelo grupo, que pode ser acessada em www.geovales.com


Mariane Carlech Ruppin, enfermeira especialista em Emergência em Saúde Pública e servidora da SES-MG, durante entrevista ao vivo e remota ao Encontro Marcado na sexta (15), sendo destacada pelo transcorrer do Dia do Enfermeiro (12) - uma homenagem da 98 FM extensiva aos demais profissionais da Enfermagem. A profissional informou sobre as atuações das equipes de Enfermagem durante a Covid-19.